Além da Passarela: O Verdadeiro Poder dos Modelos

Além da Passarela: O Verdadeiro Poder dos Modelos

Modelos que nos Moldam: Reflexões sobre o que Guia e Define Nosso Mundo

A palavra “modelo” carrega em si uma versatilidade surpreendente. Pode ser a representação em miniatura de algo grandioso, um padrão a ser seguido, uma figura que inspira admiração, ou até mesmo uma estrutura complexa que descreve fenômenos naturais ou sociais. Do manequim na vitrine ao *software* de previsão climática, “modelo” está no cerne de como compreendemos, aspiramos e interagimos com o mundo. Mas qual o verdadeiro poder desses “modelos” sobre nossas vidas?

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Recentemente, fomos confrontados com essa amplitude de significados de maneira visceral. A notícia da morte de JP Mantovani, aos 46 anos, em um trágico acidente de moto, reverberou por todo o país. JP era um “modelo” no sentido literal – um profissional da moda e um influencer – mas também um “modelo” de figura pública, cuja vida era acompanhada por muitos. Sua relação de cumplicidade e resiliência com a cantora Li Martins, expressa na dor do luto, nos lembra como figuras públicas podem se tornar modelos de aspiração, de estilo de vida e até de superação nas relações humanas. A tragédia, contudo, é um lembrete contundente da fragilidade inerente ao modelo humano.

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Mas o alcance da palavra “modelo” não para por aí. Rapidamente, fazemos a transição para outros “modelos” que definem a própria estrutura da nossa sociedade, a política, a saúde de nosso meio ambiente e até as relações internacionais. Não se trata apenas de pessoas, mas de padrões, sistemas, ideais e até fenômenos naturais que, com sua própria lógica e impacto, moldam nossa existência.

Este artigo se propõe a explorar como diferentes tipos de “modelos” – sejam eles humanos, políticos, legais, climáticos ou de governança global – exercem um poder imenso sobre nossas vidas, moldando nossas realidades, crenças e o futuro que, consciente ou inconscientemente, construímos.

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Code on a laptop screen

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O Modelo Humano: Influência, Legado e Fragilidade

A comoção em torno da morte de JP Mantovani é um ponto de partida oportuno para refletir sobre o “modelo humano”. JP, com sua carreira consolidada na moda e sua presença marcante nas redes sociais, personificava um “modelo” de sucesso em sua área. Sua vida, como a de muitos influenciadores, era uma vitrine de aspirações e escolhas. A tragicidade de sua partida, repentina e inesperada, não apenas chocou seus seguidores, mas também expôs a profunda humanidade por trás da figura pública.

A expressão de luto de Li Martins, seu casamento com JP e a força de seu laço familiar tornaram-se um espelho para a experiência universal do amor, da perda e do luto. Essa faceta da vida de um “modelo” público reflete a complexa intersecção entre a persona projetada e a realidade pessoal. JP Mantovani era um *modelo* profissional e também um *modelo* de figura pública digital. Sua vida e morte nos fazem refletir sobre o impacto que indivíduos podem ter, a natureza efêmera da fama e a profundidade das conexões pessoais que persistem e se manifestam, mesmo no palco sempre ativo do ambiente digital. Ele nos lembra que, por trás de qualquer “modelo” de aspiração, há um ser humano com sua própria jornada, vulnerabilidades e um legado complexo.

Modelos de Justiça e Democracia: Entre a Anistia e a Responsabilidade

Migrando do plano pessoal para o coletivo, encontramos “modelos” que fundamentam a própria estrutura de nossa sociedade: os modelos de justiça e democracia. Estes não são estáticos; são constantemente debatidos, contestados e redefinidos, moldando os limites do que é permitido e do que é inaceitável.

Um exemplo contundente dessa tensão foi a série de manifestações que tomaram 27 capitais e outras cidades brasileiras. O alvo? A chamada “PEC da Blindagem” ou “PEC da Anistia”. Movimentos de esquerda, incluindo o MST, a CUT e diversos sindicatos, lideraram a oposição a um *modelo* de legislação que, segundo seus críticos, poderia anistiar “golpistas” e indivíduos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A luta, nesse caso, é pela preservação de um *modelo* de Estado Democrático de Direito que garanta a responsabilização de todos, em contraste com um *modelo* que poderia gerar impunidade e corroer as bases da ordem legal. A adesão de artistas e figuras públicas a esses protestos amplificou o coro por um *modelo* de justiça sem exceções.

No Excuses | Blender 3D

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Paralelamente, a Câmara dos Deputados se viu mergulhada em um debate acalorado sobre a anistia para crimes eleitorais. A oposição, encabeçada pelo PL, articulou uma anistia ampla, que, na prática, poderia incluir casos de inelegibilidade, como o de Jair Bolsonaro, e condutas relacionadas aos eventos de 8 de janeiro. Governos e seus aliados expressaram profunda preocupação, argumentando que tal medida desvirtuaria o propósito original da anistia e representaria um ataque direto à Justiça Eleitoral e ao próprio *modelo* de democracia construído no país. A tensão aqui reside na colisão entre dois *modelos* de interpretação e aplicação da lei eleitoral e criminal: um que busca a reparação e a pacificação, e outro que defende a intransigência e a manutenção das sanções. Ambos os cenários demonstram como os “modelos” legais e políticos estão sob constante escrutínio e debate, redefinindo os limites da impunidade, da prestação de contas e, em última instância, da própria estrutura democrática.

Modelos da Natureza e Governança Global: Respostas a Desafios Maiores

Além dos modelos humanos e sociais, somos constantemente desafiados por “modelos” que transcendem a esfera humana, impondo suas próprias lógicas e exigindo respostas adaptativas. A natureza, em sua grandiosidade, opera através de “modelos” de fenômenos que, embora muitas vezes previsíveis em seus padrões, são devastadores em sua manifestação.

Um exemplo recente foi o ciclone extratropical que assolou o Sul do Brasil. Estados como o Rio Grande do Sul foram atingidos por chuvas intensas, ventos que superaram os 70 km/h, granizo, interrupção de energia, quedas de árvores, destelhamentos e alagamentos. Este ciclone é um *modelo* de fenômeno climático extremo, com um padrão de formação e impacto que os meteorologistas podem monitorar. No entanto, sua ocorrência nos força a reavaliar nossos próprios *modelos* de infraestrutura, planejamento urbano e preparação para desastres naturais. A fúria da natureza apresenta seus próprios “modelos” de força e imprevisibilidade, que testam a resiliência humana e as estruturas sociais que construímos.

A complexidade desses desafios se estende ao palco global, onde “modelos” de governança internacional são propostos e debatidos. A ida do presidente Lula à 80ª Assembleia Geral da ONU, acompanhado de uma comitiva ministerial e com a honra de ser o primeiro país a discursar, é emblemática. Lula deve apresentar as posições brasileiras sobre temas cruciais: paz mundial, a agenda ambiental e climática, o combate às desigualdades e o fortalecimento do multilateralismo. Nessas discussões, o Brasil busca propor um *modelo* de atuação não apenas para si, mas para o concerto das nações. Da resposta local a um ciclone até a apresentação de um *modelo* de política externa e ambiental na ONU, vemos como diferentes “modelos” – sejam eles naturais, nacionais ou globais – se interligam na busca por soluções para desafios complexos que afetam toda a humanidade.

Close-up of a colorful illuminated keyboard and music controller.

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Conclusão

A palavra “modelo” é, de fato, uma lente poderosa através da qual podemos analisar a complexidade do nosso mundo. Ela transcende o superficial, abrangendo desde a presença inspiradora (ou trágica) e efêmera de uma pessoa até as complexas engrenagens da justiça, os caprichos imprevisíveis da natureza e as ambições da política internacional.

Os “modelos” – sejam eles pessoas que nos guiam, leis que nos regem, fenômenos que nos desafiam ou ideais que nos elevam – são as forças visíveis e invisíveis que constantemente moldam nossa existência. Eles determinam como vivemos, como nos relacionamos e como aspiramos ao futuro. A constante reavaliação desses modelos – sejam eles para seguir, para questionar com discernimento ou para transformar com coragem – é não apenas um exercício intelectual, mas uma necessidade premente para a evolução contínua de indivíduos e de sociedades.

Qual “modelo” de sociedade você acredita que deveríamos estar construindo hoje? Deixe seu comentário e compartilhe sua visão!

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